segunda-feira, 14 de junho de 2010

O EXAME DE DNA NA PRÁTICA FORENSE

Odilon Manske
11/09/2008

Artigo Acadêmico


RESUMO

O exame de DNA na prática forense diz respeito a toda uma metodologia que inicia com a coleta do material biológico e termina com o perfil final do DNA. Neste processo as enzimas de restrição desempenham ação fundamental, que consiste em cortar o DNA em fragmentos de diferentes comprimentos, que, quando submetidos à procedimentos específicos podem ser separados por tamanho, visualizados e comparados.

Palavras-chave: DNA; Enzimas de restrição; Seqüência gênica.


1 INTRODUÇÃO

Há muito tempo a prática forense vem utilizando os mais diferentes métodos de análise, com o objetivo de fornecer provas irrefutáveis na solução de diferentes crimes. Assim, o uso de impressões digitais vem de longa data e ainda hoje é utilizado na expedição de diferentes documentos uma vez que ela é uma característica singular, ou seja, não existe outra pessoa com o mesmo padrão de impressão.

Também a utilização de materiais biológicos como o sangue tem permitido a identificação de casos criminais como também contribuído na solução dos casos de paternidade. Porém este método sorológico vem sendo pouco utilizado na atualidade, dando lugar aos exames de DNA.

Assim como a impressão digital o DNA de cada ser humano é singular com exceção de gêmeos univitelinos. Desta forma o exame de DNA para fins de identificação pessoal e determinação de paternidade passou a atingir níveis de certeza quase absoluta.

Contudo o material coletado na cena do crime e o próprio exame de DNA requerem recursos humanos altamente qualificados e elevados custos para a aquisição dos materiais e equipamentos laboratoriais necessários.

O exame de DNA inclui diferentes etapas que vão deste a coleta do material até o perfil final do DNA e envolvem diferentes procedimentos. Talvez o mais importante seja o uso de enzimas restritivas para fragmentar o DNA, gerando um padrão comparativo.

Diversas enzimas restritivas tem sido utilizadas em análises de DNA. Cabe perguntar o que são estas enzimas? Como funciona o corte do DNA através delas? Estas serão algumas das questões a serem abordadas por este trabalho.


2 A FUNÇÃO DAS ENZIMAS RESTRITIVAS NA ANÁLISE DO DNA

Enzimas restritivas são enzimas bacterianas e segundo a Wikipédia (2008), “elas atuam como tesouras moleculares, reconhecendo seqüências de pares de bases específicas em moléculas de DNA e cortando-as nesses pontos”.

Portanto, com estas enzimas o DNA pode ser dividido em fragmentos de diferentes comprimentos dependendo da seqüência gênica do indivíduo. E ainda de acordo com Borém e Santos (2004, p.165), “Um indivíduo que apresenta a seqüência AAGCTT, reconhecida como sítio de corte pela enzima Hind III, terá seu DNA fragmentado por esta enzima em tantos fragmentos quantos forem as vezes que esta seqüência ocorrer”.


FIGURA 1 – PONTO DE CLIVAGEM DE DUAS ENZIMAS DIFERENTES

FIGURA 2 - AÇÃO DA ENZIMA EcoR1


 
3 ETAPAS E PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DE MATERIAL GENÉTICO NA PRÁTICA FORENSE

Existem diversas etapas e procedimentos para se chegar ao perfil final do DNA, o procedimento, de forma simplificada, inclui sete etapas: coleta da amostra, isolamento do DNA, corte do DNA, separação dos fragmentos, transferência do DNA, hibridização de sondas e perfil do DNA (BORÉM E SANTOS, 2004).

A coleta de amostra pode ser constituída de qualquer material biológico, como pêlos, sêmen, sangue etc., onde o isolamento do DNA poderá ser realizado através de uma simples gotícula ou fração deste material.

Após o isolamento do DNA pode-se proceder com a fragmentação do DNA pelas enzimas de restrição, cujo resultado será um grande número de fragmentos de diferentes tamanhos.

Devemos levar em consideração que todo este processo é bastante complexo, assim como a separação dos fragmentos por tamanho, que são de ordem nanométrica, e segundo Borém e Santos (2004, p. 167):

Tal procedimento consiste em submeter os fragmentos do DNA, dentro de um gel, a uma corrente elétrica. [...] O procedimento consiste, portanto, em depositar os fragmentos de DNA em uma canaleta (um pequeno sulco) moldada na extremidade do gel próximo do eletrodo negativo. Com a corrente elétrica, o DNA migrará dentro do gel na direção oposta, isto é, em direção ao eletrodo positivo. Os fragmentos menores de DNA migrar-se-ão mais rapidamente do que os maiores, permitindo dessa forma, separá-los por tamanho.
Após a separação dos fragmentos por tamanho, eles são transferidos e fixados numa membrana de náilon, por capilaridade, a partir deste ponto eles podem ser manipulados para sua visualização com a adição de sondas coloridas ou radioativas. Este processo é conhecido como hibridização de sondas (BORÉM E SANTOS, 2004).

Finalmente chegamos ao perfil do DNA, cujo resultado é um padrão de bandas de diferentes tamanhos. Desta forma, este perfil que é o resultado do exame da amostra colhida e pode ser comparada com o DNA dos indivíduos indiciados como suspeitos pelo sistema judicial.

No caso do teste de paternidade o procedimento não difere muito. Para a identificação de um dos pais faz-se a análise do DNA do suposto pai, da mãe e do filho. No entanto o ser humano é passível de erro, desta forma é importante a adoção de critérios que devem ser observados desde a coleta de material biológico até a conclusão final do exame.


4 CONCLUSÃO

Concluímos com este trabalho que a prática forense há muito tempo vem utilizando os mais variados métodos para a identificação de criminosos ou de possíveis pais. Alguns métodos para identificação ainda continuam em uso na atualidade, como é o caso da impressão digital. Já os exames sorológicos convencionais vão cedendo espaço ao exame do DNA.

Mas devemos levar em consideração que o exame de DNA ainda é bastante oneroso e muitas vezes os laboratórios para este tipo de exame localizam-se nas capitais dos estados, dificultando desta forma a agilidade e elevando os custos.

Contudo o exame de DNA é uma poderosa ferramenta para a prática forense, ela tem o poder de inocentar ou condenar, porém, é de suma importância a criteriosidade nos procedimentos laboratoriais, uma vez que o ser humano é passível de erro.


5 REFERÊNCIAS

BORÉM, A.; SANTOS, F. R. Biotecnologia Simplificada. 2 ed. Viçosa, MG: Folha da Mata, 2004.

WIKIPÉDIA. Desenvolvido pela Wikimedia Foundation. Apresenta conteúdo enciclopédico. Disponível em: . Acesso em: 11 Set 2008.



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