quarta-feira, 19 de maio de 2010

Pescaria em Esquina - Agentina

Lindos exemplares de Siluriformes fisgados com a família em Esquina - Argentina em 02/2009.



Enorme Surubin Cachara fisgado  nos canais do rio Paraná em Esquina - Agentina.


Lindo dourado fisgado nos canais do rio paranasão em Esquina - Argentina


Eu e meu filho Thomas Werner rumo aos grandes peixes do rio Paraná em território argentino.


Minha filha Maria Letícia suou bastante para embarcar este dourado.


Este o Thomas teve de contar com a ajuda de sua mãe para segurá-lo.

Repovoamento da Barragem da Corsan


 
No dia 06 de maio de 2008, ocorreu o repovoamento na Barragem de Captação de Água da Corsan no município de Vacaria-RS. Foram soltos seis mil alevinos das espécies Rhamdia quelen (jundiá cinza), Astyanax bimaculatus (tambiú, conhecido popularmente como lambari) e Prochilodus lineatus (grumatã).


O projeto foi desenvolvido por Odilon Manske e Carmem Lucia Panisson, envolvendo os alunos da sexta série da Escola Municipal de Ensino Fundamental Pedro Álvares Cabral. O fato de se forjar um elo entre a teoria e a prática foi fundamental para a interiorização dos diferentes aspectos abordados, alicerçados  pela motivação ocasionada à visita da Barragem de Captação de Água da Corsan. O que nos leva à reflexão, de que, o ambiente escolar pode e deve ser diferente e amplamente motivado através destas práticas.


Ainda se fizeram presentes a monitora do curso de ciências biológicas da UNIASSELVI Rosângela Teixeira, uma professora acompanhante da Escola Municipal e cinco membros do Departamento Municipal do Meio Ambiente do município - DEMMA. No local ainda estavam presentes membros da mídia local, representantes da PATRAN, gerência da Corsan e membros do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente – COMDEMA.

Feira de peixes

Feira de Peixes - Mercado Público de Vacaria-RS


Feira de Peixes
Manske e o atual Prefeito de Vacaria, Elói Poltronieri


Feira de peixes - Carpa C. Grande 19,5 Kg


Feira de peixes - Carpa C. Grande 18 Kg


Feira de peixes Mercado Público de Vacaria-RS.
Carpa Húngara 16,5 Kg



Pescaria em Concordia - Argentina em 02/2010

Meus filhos Thomas Werner e Maria Letícia com dois enormes dourados fisgados no rio uruguai na cidade de Concordia - Argentina em Fevereiro de 2010. 


A dona Liliane, minha esposa, teve o seu momento de glória com este belo dourado fisgado na mesma ocasião, na qual infelizmente fiquei sapateiro.


Centro de Concordia - Argentina. Excelente lugar para comprar bons vinhos e degustar a culinária local.

terça-feira, 18 de maio de 2010

OS SENTIDOS DE AUDIÇÃO, OLFATO, TATO, PALADAR (GUSTAÇÃO) E VISÃO, OS ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS E SEU FUNCIONAMENTO

Odilon Manske
Artigo Acadêmico
04/10/2007


RESUMO

Os cinco sentidos, os órgãos responsáveis e seu funcionamento nos remetem primeiramente à estruturação pré-conceitual baseado originalmente nos aspectos organológicos dos sentidos tomados individualmente, com isso corremos o risco de formalizar a conceituação unicamente dentro de uma perspectiva isolacionista dos sentidos. Devemos entendê-los não somente como receptores externos, mas como unidade harmônica com o cérebro, cuja funcionalidade diz respeito ao processo histórico concreto pelo qual passaram os diferentes povos, na perspectiva de reconstruir soluções de problemas comunicativos e interativos entre as diferentes culturas.

Palavras-chave: Sentidos; Cérebro; Sensações.


1 INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é descrever as funções dos cinco sentidos e os respectivos órgãos envolvidos neste processo. Contudo, sem incorrer numa perspectiva isolacionista, no âmbito de tentar caracterizar ou pré-conceituar os sentidos fora do contexto da totalidade, condição indispensável para entender que além do contato entre nós e o ambiente, eles formam num contexto mais amplo, uma unidade para compreender e assimilar o mundo na sua totalidade.

Mas, primeiro é o cérebro humano que interpreta os estímulos externos recebidos por órgãos especiais do nosso corpo e os transforma em sensações de fundamento. Formando por assim dizer um quadro realista, agradável ou não, das coisas em nossa volta. Sendo assim de vital importância para a nossa sobrevivência e interação com o ambiente.

Porém, cabe dizer que os cinco sentidos estão relacionados com todo um processo histórico de desenvolvimento humano, de totalidades de desenvolvimento de determinados povos e civilizações. Isso equivale dizer que é o cérebro humano, enquanto resultado do processo histórico de transformações econômicas, sociais e culturais que ocorrem nas sociedades humanas, que interpreta e processa de diferentes formas estes estímulos externos.

Assim por exemplo, povos de diferentes culturas se flagelam voluntariamente em rituais religiosos. Para nós é ato inconcebível, para eles isso faz parte de suas vidas e com certeza eles desenvolveram uma relação diferente com a dor. Algumas culturas asiáticas consomem alimentos com odores extremamente desagradáveis para o nosso paladar. Ou ainda, culturas silvícolas desenvolveram uma audição e visão extremamente aguçada, necessária para sua sobrevivência, seja para a caça e pesca ou para se proteger contra predadores.


2 OS OLHOS E A VISÃO

Com os cinco sentidos nós nos orientamos no mundo, nesse processo a visão é o sentido de maior importância para a nossa interação com o mundo exterior. Por assim dizer, os olhos são a nossa janela de luz para o mundo.

FIGURA 1: O OLHO HUMANO

FONTE: Disponível em: http://www.medonline.com.br/med_ed/med6/download1.htm. Acesso em 03 de out. de 2007.


De acordo com Valle (2004, p. 89), “os nossos olhos recebem a luz proveniente dos corpos. As informações são transmitidas para o nervo óptico, que as conduz para o cérebro, onde serão processadas”. Portando, o processamento de informações visuais ocorre neste órgão onde impulsos recebidos serão significados, formando desta forma um quadro compreensivo para nós. Por isso a visão é muito mais que uma cópia do mundo circundante. Nossa capacidade de compreensão do que vemos está fortemente ligada com informações pré-armazenadas e filtradas, assim um astrônomo ao olhar para o céu consegue distinguir quadros interessantes de estrelas, constelações e sua localização, enquanto que um leigo olhando para o mesmo céu não consegue distinguir mais do que um amontoado de luzes dispostas aleatoriamente sem significação aparente. Isso significa que nós não vemos a realidade como efetivamente ela é, mas as imagens que o nosso cérebro dela faz.


3 AS ORELHAS E A AUDIÇÃO

Através da audição temos a capacidade de percepção do som. O órgão responsável é a orelha cuja função consiste em captar e canalizar os sons para a orelha média, que segundo Valle (2004, p. 92), “é uma caixa que possui três ossículos: martelo, bigorna e estribo. Ela se comunica com a orelha externa pela membrana do tímpano e com a orelha interna pelas janelas redonda e oval; e com a faringe, pela tuba auditiva”.


FIGURA 2 – A ORELHA E SUAS CARACTERÍSTICAS

FONTE: Disponível em: http://www.afh.bio.br/sentidos/Sentidos3.asp. Acesso em: 02 out. de 2007.

No esquema acima podemos ter uma noção clara do caminho do som. E ainda segundo Valle (2004, P. 93):

“A membrana da janela redonda recebe a vibração do ar da orelha média e a transmite ao líquido da orelha interna. O líquido existente na orelha interna transmite à cóclea as vibrações que recebe. A cóclea, por intermédio do nervo vestibulococlear, encaminha ao cérebro o estímulo, que é traduzido e transformado na sensação de ouvir”.
Importante ressaltar que a função do órgão da audição interligado à fonação, cumpre papel fundamental não somente para o ser humano do ponto de vista fisiológico, mas também serve de ponte para o intercâmbio entre os povos. Aproximando desta forma os seres humanos através das diferentes culturas e transformando-os cada vez mais em cidadãos do mundo, pois é através destas funções, em unidade com as outras, que o ser humano vai assimilando as diferentes culturas, não no sentido da submissão mas como expansão de seus horizontes.


4 O NARIZ E O OLFATO

Na ausência de aromas nossa comida fica sem sabor, pois a maioria das impressões positivas que acreditamos degustar são fornecidas pelo nariz. Os aromas influenciam nosso estado de espírito, eles podem influenciar nossa disposição como indisposição, simpatia ou antipatia, podem inclusive nos predispor na esfera sexual.

Um cheiro, por exemplo, de um vinho, não penetra somente no nariz, mas também numa parte específica do cérebro onde se encontram nossas recordações emocionais. Sabemos que a diminuição do sentido olfativo, causada por infecções no nariz, viroses ou lesões na cabeça, pode levar a depressão e a problemas de comunicação sexual e com isso os contatos interpessoais são perdidos.
Contudo sabemos que o sentido do olfato nos seres humanos é menos desenvolvido que em outros animais. Por exemplo, cães podem farejar drogas ou explosivos escondidos em malas ou até mesmo em containers de embarcações. Ainda porcos selvagens conseguem farejar trufas sob o solo a longas distâncias ou ainda através do olfato conseguem descobrir lavouras de grãos recém semeadas e com o foucinho conseguem desenterrar os mesmos para poderem se alimentar, causando grandes prejuízos na agricultura.

FIGURA 3 – O NARIZ


Mas como nós humanos sentimos os cheiros? De acordo com Valle (2004, p. 96):

“Nós só podemos sentir o cheiro das coisas que liberam partículas gasosas. Essas partículas chegam às nossas cavidades nasais misturadas ao ar. Atingindo a mucosa nasal, essas partículas estimulam as células olfatórias, que se localizam na sua porção superior. As células olfatórias reúnem-se, formando fibras nervosas, as quais se encaminham em direção ao bulbo olfatório. Do bulbo olfatório parte o nervo olfatório, que leva os estímulos ao encéfalo, que tem por função traduzi-los em sensações de cheiro”.
Mais uma vez fica claro que o cérebro desempenha a função principal enquanto setor transformador dos estímulos em sensações.


5 A LINGUA E A GUSTAÇÃO

Muitas vezes quando estamos constipados, a comida, por mais bem elaborada que for, não apresenta sabor algum, o gosto se transforma em sentimento, isto é: eu vejo um prato saboroso de comida e imediatamente me lembro do gosto agradável que tem, porém sem senti-lo. Talvez seja a forma que o cérebro encontrou para ludibriar nossos sentidos e garantir nossa sobrevivência através da alimentação sob condições adversas.

Portanto na gustação somos influenciados por outros sentidos, em que o olfato desempenha papel importante. Porém em condições normais, através da gustação conseguimos distinguir diferentes sabores, uma vez que as papilas gustativas presentes no órgão receptor que é a língua, permitem diferenciar quatro sabores puros: amargo, doce, ácido e salgado. E o universo de sabores assimilados são o resultado das ilimitadas combinações desses quatro sabores.


6 A PELE E O TATO

A pele sem dúvida é o maior órgão dos sentidos: distribuídos sob mais de 2m² de pele se localizam inúmeras células dos sentidos, denominados de corpúsculos táteis. Sua função consiste em receber estímulos de pressão, calor e frio e além destes existem as terminações nervosas que captam estímulos relacionados à dor, que tem uma função protetora alertando-nos contra ameaças de lesão corporal.

O centro do sentido do tato são as mãos: armados com uma rede estreita de sensores, elas mesmas tateiam pequeninas diferenças de uma superfície. Pelo fato de podermos movimentar delicadamente os nossos dedos, parece absolutamente fácil retirar um ovo cru da geladeira, quebrar delicadamente a sua casca numa superfície rígida e colocar o seu conteúdo intacto num prato. Em contrapartida isso representa uma tarefa extremamente complicada para um robô. Não porque o sentido do tato de um robô não seja suficientemente delicado, mas pelo fato de que por traz de cada movimento de nossos dedos existe uma coordenação complexa de nosso cérebro.

Em relação aos estímulos externos é importante frisar que o homem é um ser muito versátil e adaptável ao meio. Exemplo disso são as oscilações bruscas de temperatura, nos primeiros dias de inverno intenso sentimos muito frio, com o passar dos dias é como se nós nos acostumássemos com o frio. Da mesma forma ocorre com o calor, porém para tudo existe um limite.

Ainda em outras culturas o homem aprendeu a lidar de forma diferente com a dor, onde ele a utiliza como expressão máxima da fé e religiosidade. Parece-nos plausível que em algumas situações de transe e auto-sugestão, o ser humano consiga controlar através da mente, as sensações desagradáveis do meio ou da dor infringida através do auto flagelo.


7 CONCLUSÃO

Somente a anatomia dos órgãos dos sentidos podem ser estudados e tratados isoladamente, com o objetivo de entendermos sua funcionalidade, qual o papel específico que desempenha e sua interligação com o cérebro.

Já os sentidos devem ser entendidos como um conjunto que forma uma unidade harmônica com o cérebro e o corpo. Pois é o cérebro que transforma os impulsos externos em sensações, processo que nos quais diferentes fatores desempenham papel importante, tanto do ponto de vista da subjetividade individual, como também e fundamentalmente os processos históricos concretos, dos quais o povo de cada cultura é o produto singular. Quer dizer: a forma que cada povo interioriza e processa os cinco sentidos está correlacionado diretamente a um processo histórico desta cultura específica.

Por fim, concluímos que se faz necessário uma reformulação no estudo dos sentidos onde não somente o ponto de vista biológico deve prevalecer, mas, sobretudo devemos levar em consideração aspectos das ciências humanas, principalmente da Filosofia e Psicologia, com o objetivo de reconstruir soluções de problemas comunicativos e interativos entre as diferentes culturas para nos tornarmos verdadeiros cidadãos do mundo.


8 REFERÊNCIAS

VALLE, C. Ser Humano e Saúde. Curitiba: Positivo, 2004.

COMO A ESPÉCIE HUMANA INTERFERE NO CICLO DO NITROGÊNIO PARA AUMENTAR A PRODUÇÃO AGRÍCOLA

Odilon Manske
Artigo Acadêmico
21/05/2009


RESUMO

A interferência humana no ciclo do Nitrogênio para o incremento da produção agrícola diz respeito às diferentes formas que o homem encontrou para disponibilizar este nutriente para as plantas. Até a metade do séc. XIX foi através da adubação orgânica, com o surgimento da teoria mineralista é que vimos crescer exponencialmente o uso de fertilizantes nitrogenados que trouxeram consigo uma gama de problemas ambientais. Por último, através da biotecnologia, com a descoberta de novas bactérias fixadoras de nitrogênio e sua utilização em certas variedades de plantas, abriu-se caminho para uma agricultura mais econômica de maneira menos impactante ao meio ambiente.

Palavras-chave: Nitrogênio; Bactérias fixadoras; Meio ambiente.


1 INTRODUÇÃO

A história da civilização humana nos conta que o homem primitivo era nômade, vivendo da caça e da coleta de produtos de origem vegetal para prover sua alimentação. Depois, tornou-se sedentário, plantando para sua subsistência, partindo desde então, em busca de terras ricas em matéria orgânica, pois, ela tem sido considerada há milênios como o principal fator de fertilidade do solo.

Com o crescimento populacional e sua respectiva concentração em grandes cidades a demanda por alimentos cresceu consideravelmente. Desta forma, para garantir maior produção, até a metade do séc. XIX os adubos aplicados aos solos eram praticamente os de origem orgânica, (BENEVIDES, 2008).

Somente após o lançamento da teoria mineralista do barão Justus von Liebig, é que surgiram os fertilizantes minerais. Esta teoria revolucionária preconizava que as plantas se alimentavam exclusivamente de compostos minerais, não necessitando de matéria orgânica para sua subsistência, (BENEVIDES, 2008).

Assim, podemos afirmar que através de adubação orgânica o homem interfere no ciclo do nitrogênio desde os mais remotos tempos, com o objetivo de garantir uma maior produção de alimentos. Neste processo as raízes das plantas absorvem o nitrogênio na forma amoniacal (NH4+)ou nítrica (NO3ˉ), (INDRIUNAS, 2008).

No entanto, para que a matéria orgânica possa fornecer nutrientes às plantas ela necessita sofrer um processo de decomposição microbiológica, acompanhado da mineralização dos seus constituintes orgânicos. Ao se decompor, ela gera húmus e compostos minerais assimiláveis pelas plantas.

Já no processo de adubação química, esses compostos são disponibilizados diretamente no solo o que vem causando grandes impactos ambientais, uma vez que só uma pequena parcela é assimilada pelas plantas.

Portanto, faz-se necessário questionar as práticas convencionais de adubação, apontando caminhos sustentáveis para a produção agrícola e levantar ao mesmo tempo questionamentos sobre a viabilidade, no atendimento das crescentes demandas mundiais por alimentos, da agricultura orgânica.


2 CICLO DO NITROGÊNIO

O gás nitrogênio (N2), que compõe 78% das partículas do ar, é incolor, inodoro e principalmente inerte em condições ambientais, o que garante que o oxigênio (O2) disperso na atmosfera não incendeie a vegetação do planeta. A não-reatividade e a abundância deste composto desafiaram os cientistas do início do século 20 a buscar maneiras de transformar o nitrogênio gasoso em formas iônicas utilizáveis, (INDRIUNAS, 2008).

O processo no qual o N2 é transformado em formas assimiláveis é denominado fixação do nitrogênio. As pequenas quantidades formadas pelas descargas elétricas e vulcanismo não disponibilizariam quantidades de compostos de nitrogênio condizentes com a vida, assim há microorganismos fixadores de nitrogênio, tanto no solo como na água.

No solo, bactérias dos gêneros Azotobacter e Clostridium podem viver livremente, porém as do gênero Rhizobium criam uma associação em raízes de diversas plantas, principalmente da família das leguminosas (como feijão, alfafa, ervilha, soja), estes microorganismos utilizam-se da transformação química do nitrogênio gasoso para obtenção de energia, gerando como subproduto a amônia (NH3), e na água, cianobactérias, como as dos gêneros Anabaena e Nostoc, são capazes de realizar o mesmo processo, (INDRIUNAS, 2008).


FIGURA 1 – CICLO DO NITROGÊNIO

FONTE: Disponível em: <http://ciencia.hsw.uol.com.br/ciclo-nitrogenio.htm>. Acesso em: 19 mai. 2008.


Conforme a figura acima, as várias etapas do ciclo do nitrogênio e sua fixação ocorrem através da transformação do nitrogênio gasoso (N2) em amônia (NH3). Quando é realizada por bactérias fixadoras de nitrogênio no solo e em raízes de determinadas plantas, denominamos este processo de fixação biológica, (INDRIUNAS, 2008).

A amonificação ocorre com a degradação de compostos orgânicos nitrogenados com a liberação de amônia por agentes decompositores.

A nitrificação é a oxidação bacteriana da amônia gerando óxidos de nitrogênio, inicialmente em nitrito e posteriormente em nitrato, quando ocorre a conversão da amônia em nitrogênio gasoso por ação bacteriana temos a desnitrificação fechando assim o ciclo, (INDRIUNAS, 2008).

Com a ocorrência do ciclo principalmente em lagos e açudes com água parada e dependendo da quantidade de materiais orgânicos existentes, ou, outras fontes de nitrogênio muitas vezes resultantes do impacto antrópico podem ocasionar mortandade de muitos organismos aquáticos.

Como mostra a figura abaixo, a mortandade, principalmente de peixes, pode ocorrer quando houver aumento significativo de nitratos, nitritos e amônia dissolvidos no meio, ou ainda, pela eutrofização do meio, com a redução do O2 dissolvido causando asfixia .


FIGURA 2 – CICLO DO NITROGÊNIO EM LAGOS
Acesso em:19 mai. 2008.


3 AGRICULTURA CONVENCIONAL E ORGÂNICA

No Brasil, o modelo de desenvolvimento da agricultura moderna tem se baseado em altas taxas de produtividade proporcionadas pela introdução de maquinário agrícola, fertilizantes químicos, venenos químicos e mais recentemente pela biotecnologia. Nos últimos anos vem se reconhecendo o impacto ambiental decorrente deste tipo de prática, que redunda na destruição dos solos e florestas e contaminação do ar e de rios, (SOUZA, 2008).

No entanto, com a descoberta de novas bactérias endófitas, principalmente de Acetobacter diazotrophicus pode se obter uma maior fixação biológica do nitrogênio em certas variedades de plantas selecionadas para isto , (agencia cnptia embrapa).

Com isto abriu-se um caminho para uma agricultura mais econômica e, principalmente, mais ecológica, já que estas bactérias nunca fixam mais N2 do que as plantas precisam. A disponibilidade de Nitrogênio para as bactérias, inativa imediatamente a fixação biológica do Nitrogênio, e as bactérias utilizam o Nitrogênio mineral em vez de fixar o da atmosfera, (agência cnptia embrapa).

Ainda segundo a EMBRAPA, o Brasil tornou-se o menor usuário de adubos nitrogenados no mundo, com uso em média de 20kg/ha., enquanto os países tropicais do oriente, como a Índia, seguindo a chamada revolução verde, usam dez vezes mais Nitrogênio por ha., mas produzem pouco mais cereais que o Brasil.

Como podemos observar, hoje existe todo um know how em cima da monocultura, muita pesquisa foi dedicada ao melhoramento destas culturas, onde o homem interfere, com a aplicação dos resultados da pesquisa, no ciclo e na fixação do Nitrogênio.

No Brasil 15,6 milhões de habitantes, ou cerca de 9% da população passam fome. Parte do problema advém do fato que populações extremamente carentes não conseguem uma quantidade mínima de alimentos devido a falta de nutrientes para suas culturas. E um dos nutrientes mais limitantes à produção de culturas é o Nitrogênio, (SOUZA, 2008).

No entanto, o nosso país não vive um problema de escassez de alimentos e sim uma política agrária voltada à produção de commodities que geram divisas.

Desta forma, faz-se necessário o desenvolvimento de políticas agrárias que contemplem também o incremento da agricultura orgânica. Uma vez que existe um aumento crescente na demanda pelo consumo destes produtos.

Mas o que é um produto orgânico? Segundo o Instituto Biodinâmico – IBD:
“Um produto orgânico é muito mais que um produto sem agrotóxicos e sem aditivos químicos. É o resultado de um sistema de produção agrícola que busca manejar de forma equilibrada o solo e demais recursos naturais (água, plantas, animais, insetos e outros), conservando-os no longo prazo e mantendo a harmonia desses elementos entre si e com os seres humanos.”
Percebemos claramente, que com esta proposta podemos visualizar uma agricultura sustentável em longo prazo, tanto do ponto de vista ecológico como humano. No entanto a agricultura orgânica ainda está engatinhando no nosso país.

Portanto, faz-se necessário que os institutos de pesquisa, as diferentes instituições voltadas para a assistência e extensão rural mudem o foco de suas ações com o objetivo de fornecer as ferramentas indispensáveis para a dinamização da agricultura orgânica. Contribuindo desta forma para aplacar a fome, trazendo à mesa produtos de qualidade e interferindo positivamente no ciclo do Nitrogênio.


4 CONCLUSÃO

Concluímos com este trabalho, que o homem interfere de diversas maneiras no ciclo do Nitrogênio para aumentar produção agrícola. Assim podemos citar a adubação orgânica, o uso de fertilizantes nitrogenados e o uso da biotecnologia através da descoberta de novas bactérias fixadoras de Nitrogênio.

No entanto, devemos mensurar o grande impacto ambiental causado principalmente pelos fertilizantes nitrogenados, uma vez que grande quantidade de Nitrogênio é perdida para o ambiente, aumentando desta forma os problemas ambientais, sendo inclusive um risco à biodiversidade do planeta.

Portanto, é imprescindível o desenvolvimento de políticas agrárias que incentivem o desenvolvimento e aprimoramento da agricultura orgânica. Disponibilizando assim, recursos financeiros e humanos capacitados para a sua viabilidade econômica e social.


5 REFERÊNCIAS

agência cnptia embrapa. Disponível em: http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/ Repositorio/revistabiotecnologia1ID-0wLrpPCbk3.pdf. Acesso em: 19 mai 2009.

BENEVIDES L. Como funciona a agricultura orgânica.  Disponível em: “HowStuffWorks” . Acesso em: 19 mai 2009.

INDRIUNAS A. Como funciona o ciclo do nitrogênio. Disponível em: "HowStuffWorks" . Acesso em: 19 mai 2009.

INSTITUTO BIODINÂMICO. Disponível em: . Acesso em: 19 mai 2009.

SOUZA, F. A. Agricultura natural/orgânica como instrumento de fixação biológica e manutenção do Nitrogênio no solo. Um modelo sustentável de MDL. Disponível em: . Acesso em: 19 mai 2009.

AS GRANDES DESCOBERTAS E OS AVANÇOS CIENTÍFICOS A PARTIR DO SÉC. XVII

Odilon Manske

Artigo Acadêmico
23/11/2006


RESUMO

As grandes descobertas e os avanços científicos a partir do séc. XVII, diz respeito ao lançamento das pedras fundamentais no campo da Biologia, que somente foi possível pela separação entre razão e fé e pelo avanço científico em outras áreas das ciências naturais. Devemos portanto entender as descobertas na Biologia não como algo isolado, mas em relação mútua com tudo que o homem produziu cientificamente nas demais ciências.

Palavras-chave: Biologia; Descobertas; Evolução.


1 INTRODUÇÃO

Com este trabalho pretende-se discorrer sobre as descobertas e os avanços no campo da Biologia à luz da historicidade e situá-las no tempo e espaço. Entendendo-as não como acontecimentos isolados, mas como resultado de uma mudança profunda da mentalidade humana a partir do séc. XVII. Que se caracterizou pela separação entre razão e fé, pela substituição da autoridade da Igreja pela ciência e por afirmação do poder criativo do homem.

Comumente, refletindo-se sobre alguma descoberta importante no campo da biologia, como por exemplo, a descoberta do microscópio, sempre nos vem em mente como algo dado, que já existe, faltando simplesmente a sutileza e a perspicácia do homem para trazê-las à tona, quando na realidade são resultado de toda uma história de erros e acertos, de desenvolvimento e criação. É neste sentido que tentaremos situar as descobertas, compreendendo-as em conjunto com o avanço do conhecimento contemporâneo da época, no campo das ciências exatas, como também nas ciências naturais que eram embrionárias naquele período. Sem dúvida, foi o avanço do conhecimento em áreas dominadas ainda pela filosofia e religião, que lançou as centelhas para o surgimento, ainda que lento, de vida própria das ciências naturais tais quais as conhecemos hoje.

Nesta linha de raciocínio, tentaremos mostrar que as descobertas são um eterno porvir, que se constroem a partir de anteriores e esse processo desencadeia o que chamamos de avanço científico.


2 O SALTO QUANTITATIVO E QUALITATIVO NO CAMPO DA BIOLOGIA ENTRE O SÉC. XVII E XIX

Podemos afirmar com toda segurança que foi a partir do surgimento do primeiro microscópio, desenvolvido por Antony van Leeuwenhoek por volta de 1650, que a Biologia iria começar a desvendar o pequeno grande mundo até então desconhecido aos olhos da humanidade. Através desta ferramenta foi possível ainda no séc. XVII a observação de eritrócitos, espermatozóides e bactérias.

Outro fator relevante foram as grandes viagens transoceânicas a partir do séc. XV, que colocaram os europeus frente a frente com outros povos e suas respectivas culturas, e uma fauna e flora distinta da conhecida no velho mundo. Muitos animais e plantas foram trazidos do dito novo mundo. Estes fatores, combinados com o próprio avanço dos conhecimentos em áreas específicas das ciências naturais, ainda pertencentes ao campo da religião e filosofia, convergiram para impulsionar a necessidade de classificar, nomear e sistematizar os seres vivos. Esse processo, encontrou seu apogeu com a publicação do sistema taxonômico de Lineu no ano de 1735. Sistema baseado nas semelhanças morfológicas entre os seres vivos e a utilização de uma nomenclatura binominal em latim.

Os avanços do discernimento na área da Química, deram um grande impulso principalmente no que diz respeito ao entendimento do papel das moléculas orgânicas, que propiciou a sintetização artificial da primeira enzima ainda em 1833, lançando a partir daí as centelhas de uma nova ciência: a Bioquímica.

Com o esboço da teoria celular de Schleiden e Schwann em 1839, que propunham acertadamente que a célula é a unidade básica de constituição dos organismos e que todas as células são provenientes de células pré-existentes, abriram-se portas para a necessidade do estudo de toda a complexidade que esse processo implica.

Assim, com diversos conhecimentos produzidos e adquiridos em diversos campos ainda incipientes da Biologia, a genética dava os seus primeiros passos com o estabelecimento das leis da hereditariedade do monge Gregor Mendel, resultado das experiências realizadas com ervilheiras em 1865. Como também a bacteriologia dá seus primeiros passos através de Robert Koch, que em 1880 introduziu métodos para fazer crescer culturas puras de microorganismos, utilizando placas de Petri.


3 AS SEMENTES DA BIOLOGIA EVOLUTIVA

Foi Charles Darwin com o lançamento de seu livro a origem das espécies em 1859 e a contribuição anterior de Lamarck, a qual postulava que o ambiente provoca no indivíduo modificações adaptativas, que podemos começar a compreender a Biologia sob o prisma da Biologia Evolutiva. Ainda segundo Mayr (1998), Evolução Biológica consiste nas mudanças de adaptação e na diversidade. E Darwin, em conseqüência dos seus estudos sobre a fauna das Ilhas Galápagos e da América do Sul, voltou sua atenção para a origem da diversidade, isto é, para a origem de novas espécies.

O grande legado de Darwin foi o postulado da descendência comum, que concebia que todos os organismos derivam, inclusive o homem, de uns poucos ancestrais primitivos, ou possivelmente de uma única primeira vida. Isso implicava numa produção abundante de variação genética, cuja origem Darwin não sabia explicar, uma vez que na época não se dominava o conhecimento sobre a natureza biológica da hereditariedade. Somente no início deste século foi determinado o papel dos cromossomos na hereditariedade.


4 CONCLUSÃO

Com a abordagem desse estudo, concluímos que o homem teve de se libertar dos dogmas da Igreja, para afirmar a hegemonia da razão no campo da ciência. Porém, vale frisar que algumas das descobertas importantes que aconteceram no período em questão, foram promovidas por homens ligados à Igreja, como por exemplo Lineu, que era luterano, ou mesmo Gregor Mendel que era monge, talvez desconhecessem na época os desdobramentos que suas descobertas teriam tanto no campo da ciência, da filosofia e da religião.

Vimos ainda que as grandes descobertas são resultados de um longo processo de erros e acertos, de avanços e recuos, de desenvolvimento e criação. E através delas, outras portas se abrem para novos conhecimentos, em que descobertas originais emanam a partir das anteriores.

Vale ressaltar a importância dos avanços científicos operados fundamentalmente na área de outras ciências naturais, bem como as viagens transoceânicas, que resultaram em contatos com uma realidade desconhecida do antigo mundo, que contribuíram enormemente para que os alicerces fundamentais fossem assentados no campo da Biologia.

Por fim, vimos que a teoria de Darwin sobre a origem das espécies, nos remete ao campo da Biologia Evolutiva. Muita coisa ainda terá de ser dita a esse respeito, onde se recomenda um estudo mais minucioso no campo da Zoologia, Botânica e Genética, numa relação mútua com os próprios processos evolutivos, mas sempre sob o prisma da ciência que não deve admitir discussões ideologizadas.


5 REFERÊNCIAS

MAYR E. O Desenvolvimento do Pensamento Biológico. Brasília: UNB, 1998.

A IMPORTÂNCIA E AS POSSIBILIDADES DE MANUTENÇÃO DA BIODIVERSIDADE NA TERRA

Artigo Acadêmico
Odilon Manske
12/03/2009


RESUMO

A importância e as possibilidades de manutenção da biodiversidade na Terra relacionam-se com a capacidade de compreensão que temos sobre evolução biológica e meio ambiente. Contudo através dos impactos antrópicos e os desdobramento destes sobre o meio ambiente corremos o risco de uma nova extinção em massa. Para o delineamento de mecanismos capazes de evitar tal catástrofe é necessário o entendimento profundo das mais diversas relações entre os seres vivos e sua interação com o meio ambiente, buscando desta forma a compreensão do todo.

Palavras-chave: Biodiversidade; Impacto antrópico; Extinções em massa.


1 INTRODUÇÃO

O planeta Terra desde a sua formação passou por cinco grandes extinções de massa, a mais recente ocorreu no período Cretáceo-Terciário, a cerca de 65.5 milhões de anos também conhecido como K-T, e segundo a teoria mais aceita foi causada pelo impacto de um meteoro que formou a cratera de Chicxulub, que agora se esconde na Península de Yucatan, abaixo do Golfo do México. Na ocasião, 16% das famílias de espécies marinhas, 47% dos gêneros marinhos e 18% das famílias de vertebrados terrestres, incluindo os dinossauros, foram devastados. (ESTRELLA, 2007).

Porém existem muitas controvérsias a respeito dos eventos que desencadearam este processo. Pesquisas recentes concluíram que o impacto do asteróide em Chicxulub ocorreu 300 mil anos antes do grande extermínio. (VIKIPÉDIA, 2009).

Desta forma, esta grande extinção em massa pode ter sido resultado de eventos cataclísmicos desencadeados por reações em cadeia como chuva de cometas, vulcanismo maciço, alterações climáticas e epidemias. (VIKIPÉDIA, 2009).

Assim, falar de biodiversidade significa dizer que a forma e a distribuição das criaturas vivas sobre a Terra podem ser atribuídas a dois fatores - à evolução e ao meio ambiente. A evolução biológica implica extinção de espécies, uma vez que a seleção natural expressa a sobrevivência do mais apto, do mais adaptado a cada ambiente. Assim, à medida que ocorrem mudanças ambientais, muitas espécies e até grupos inteiros (famílias) podem ser extintos. (ESTRELLA, 2007).

E ainda de acordo com Barros, Cademartori e Machado (2006): “assim, depreende-se que qualquer espécie, mais cedo ou mais tarde, desaparece, seja em decorrência de uma menor aptidão ecológica, seja em função de alguma catástrofe”.

Deste modo, devemos evidenciar o impacto antrópico imputado sobre o meio ambiente na atualidade, como por exemplo, o crescimento impetuoso da população humana e por conta disso a destruição de habitats naturais, aquecimento global ocasionado pela queima de combustíveis fósseis, aniquilação maciça de espécies já em risco de extinção, entre outras.

E devemos questionar ainda: a espécie humana pode sobreviver frente a uma redução drástica da biodiversidade? Existem perspectivas para caminhos concretos a serem trilhados para sua manutenção? Estes serão uns dos aspectos a serem tratados neste trabalho.


2 A IMPORTÂNCIA DA BIODIVERSIDADE PARA O PLANETA TERRA

Entende-se a biodiversidade como a diversidade de organismos vivos existentes na biosfera. Contudo devemos perceber a importância dos organismos vivos não como seres tomados isoladamente, mas como um todo. Onde o singular depende do funcionamento harmonioso e equilibrado do meio e de muitas outras espécies para poder se desenvolver e dar continuidade a sua própria espécie.

Deste modo o aquecimento global enquanto resultado da atividade humana pode levar o planeta ao desequilíbrio e colapso, desencadeando reações em cadeia causando uma nova extinção em massa.

Aquecimento global não significa somente a elevação da temperatura atmosférica, mas também a elevação da temperatura dos oceanos, causando derretimento das calotas polares e com isso inundações costeiras, morte dos recifes de corais levando ao desaparecimento de espécies que dependem estritamente dele para sobreviver.

Com o aquecimento dos oceanos existe o risco de interrupção das grandes correntes marítimas. Assim, se a corrente do golfo do México cessar, que leva água quente ao atlântico norte, a Europa central e as ilhas britânicas poderão experimentar uma nova era glacial.

Estudos recentes ainda apontam a possibilidade da liberação de grandes bolsões de metano congelado no fundo dos oceanos e nas tundras congeladas do ártico, podendo desencadear reações em cadeia descomunais, já que o metano é um dos gases do efeito estufa.

Com a elevação da temperatura pode ocorrer ainda mortandade maciça do fitoplâncton, que forma a cadeia primária de alimentação para diferentes espécies de peixes, moluscos, crustáceos entre outros. Com o desaparecimento do fitoplâncton marinho, outras espécies iriam desaparecer como a sardinha, o arenque e outros planctófagos e assim a alimentação dos grandes cetáceos, golfinhos, tubarões, leões marinhos, focas, morsas, pingüins dentre tantos outros estaria seriamente comprometida.

Aqui percebemos claramente como a vida está intrinsecamente correlacionada e, portanto devemos entendê-la no meio em que está inserida em relação com o todo deste ambiente. O rompimento de um simples elo neste sistema pode desencadear a extinção de espécies, uma vez que o tempo para novas adaptações será muito curto.

Assim também ocorre com a espécie humana, sem a biodiversidade a sobrevivência do homem no planeta seria impossível. Desta forma, o oxigênio do qual tanto dependemos para sobreviver é mantido graças a fotossíntese realizada por vegetais e fundamentalmente pelo microscópico fitoplâncton marinho.

A maioria dos alimentos é proveniente de plantas que dependem de insetos, pássaros, morcegos e outros seres para a polinização. Apenas com o declínio das abelhas, em escala global, neste processo teríamos grandes crises de abastecimento.

Da mesma forma ocorre na medicina, a maioria dos produtos farmacológicos é proveniente diretamente de vegetais e animais. Deste modo a fonte de cura para diferentes males ainda está por ser descoberto nos diferentes ecossistemas do planeta. Com o declínio da biodiversidade não teremos a chance sequer de conhecer e pesquisar novas espécies, pois elas estarão perdidas para sempre.

Ainda de acordo com Lima (2008): “hoje são cientificamente conhecidas cerca de 1.500.000 de espécies no planeta. Considerando as estimativas mais coerentes, o número total de espécies vivas deve girar em torno de 30 milhões de espécies”.

Portanto, pode-se afirmar que a manutenção da biodiversidade é de extrema importância para a preservação da vida como um todo.


3 CAMINHOS PARA A CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE

A perda da biodiversidade é um fenômeno global, imputado principalmente pela atividade humana. Portanto, para evitar a diminuição das espécies depende-se de medidas a serem adotadas em escala global. Cada nação deverá ser responsável pela manutenção de seus biomas e ecossistemas.

Para tanto, será necessário a criação de reservas ecológicas em pontos estratégicos de determinado bioma e a ampliação das reservas já existentes. Porém, livres da ingerência humana para que os mesmos tenham a chance de se regenerar. Bem como a criação de corredores ecológicos para o livre trânsito de diversas espécies faunísticas.

Outro aspecto importante é a diminuição gradativa da queima dos combustíveis fósseis em escala mundial, com o objetivo de estabilizar de forma confiável a emissão dos gases de efeito estufa. Como vimos anteriormente estes tem desdobramentos catastróficos sobre o meio ambiente na forma de aquecimento global e como conseqüência sobre a biodiversidade.

Localmente devem ser desenvolvidas políticas de compensação econômica para quem tem, por exemplo, reservas florestais e outras áreas de preservação permanente de interesse coletivo, caso contrário teremos um excelente discurso teórico e uma prática autoritária sem funcionalidade.

Assim ao criarmos leis e outros mecanismo que impedem um proprietário de utilizar um determinado habitat, fazendo-o utilizar um em detrimento a outro mais rentável, estamos lhe impondo arbitrariamente a arcar com os custos da conservação, enquanto a sociedade no geral recebe os benefícios.

Ainda devem ser criados mecanismos quanto à introdução e controle de espécies exóticas bem como maior fiscalização por parte dos órgãos ambientais para inibir o contrabando de espécies nativas.


4 CONCLUSÃO

A manutenção da biodiversidade é extremamente importante para manter o equilíbrio biológico do planeta Terra. Percebemos que as relações entre as espécies e o meio são vitais para sua conservação. Portanto devemos entender cada espécie como parte intrínseca do todo. O rompimento de um elo nesta interação de espécies pode desencadear uma extinção em cadeia.

No entanto é através dos impactos antrópicos e as suas conseqüências que a manutenção da biodiversidade está em risco. Seja pela destruição de habitats naturais, seja pelo aquecimento global ocasionado pela queima de combustíveis fósseis ou tantas outras atividades de risco para o meio ambiente.

Portanto a extinção de espécies não é um fenômeno localizado ela ocorre em escala global. E somente com medidas globalizadas poderemos ter a chance de evitar uma nova extinção em massa.

A partir destas premissas, faz-se necessário o debate sobre os efeitos advindos da atividade humana para o meio ambiente. Afim de que possam ser estabelecidos critérios claros que visem a preservação do meio ambiente bem como a diversidade das espécies incluindo o próprio homem.


5 REFERÊNCIAS

BARROS, R. C.; CADEMARTORI, C. V.; MACHADO, M. Extinções em massa e a crise atual da biodiversidade: lições do tempo profundo. Disponivel em: . Acesso em: 11 Mar 2009.

ESTRELLA, S.  Como funciona a extinção de animais. Disponível em: .  Acesso em: 11 Mar 2009.

LIMA, L. E. C. A importância da Preservação da Biodiversidade para o Planeta. Disponível em: . Acesso em: 11 Mar 2009.

WIKIPÉDIA. Desenvolvido pela Wikimedia Foundation. Apresenta conteúdo enciclopédico. Disponível em: . Acesso em: 11 Mar 2009.

A IMPORTÂNCIA DA BIOTECNOLOGIA PARA OS SERES HUMANOS NAS DIFERENTES ÁREAS DE PRODUÇÃO

Artigo Acadêmico
Odilon Manske
30/08/2007



RESUMO

A importância da biotecnologia para os seres humanos nas diferentes áreas de produção diz respeito aos grandiosos avanços tecnológicos operados no campo da biologia, principalmente àqueles de aplicação prática na área da saúde, na produção de alimentos e, sobretudo no campo do meio ambiente. Com as técnicas do DNA recombinante inúmeras oportunidades estão postas sobre a mesa, resta saber se o homem saberá utilizá-las com equanimidade e sabedoria.

Palavras-chave: Transgênicos; Racionalidade; Meio ambiente.


1 INTRODUÇÃO

Com esse estudo, pretendemos abordar os desdobramentos da biotecnologia enquanto ferramenta indispensável para amenizar e quem sabe à longo prazo por termo aos múltiplos problemas relacionados a saúde, fome e degradação do meio ambiente que assolam a humanidade.

Entendemos que vivemos a grande época do alvorecer das ciências biológicas, processo iniciado com as descobertas da estrutura do DNA a nível molecular em 1953. Mas o grande salto ocorreu a partir de 1972 com o desenvolvimento do DNA recombinante.

As conseqüências que tal feito proporciona na esfera da biotecnologia, já podem ser sentidas hoje, seja na área da medicina, na produção de alimentos, como também os possíveis benefícios para o meio ambiente. Contudo, somos remetidos às entranhas de um debate que certamente aborda questões polêmicas, que tem suas prerrogativas no campo da bioética, da religião, da política, na cultura de nosso povo e na própria ciência, que pode influenciar definitivamente os rumos da biotecnologia em nosso país. Mas também, é nos dado a oportunidade única de abraçar essas inovações racionalmente com novas idéias e criatividade, ou corremos o sério risco de dormirmos no ponto e ficarmos a reboque desse processo que certamente não terá volta.

Ao analisarmos a questão das plantas transgênicas de uma forma racional, focando os diferentes problemas como fome no mundo, enfermidades, exaustão do meio ambiente que devido a demanda mundial crescente em alimentos, leva inexoravelmente ao desmatamento e desmantelamento de biomas inteiros com o propósito de expandir as áreas cultiváveis. Visto por esse ângulo, concordamos que a utilização dos transgênicos pode vir a ser uma ferramenta imprescindível para atenuar e num futuro próximo poderá ser a chave para resolver definitivamente esses problemas.

Mas da forma como é posto hoje cabe fazer alguns questionamentos que tentaremos responder ao longo desse trabalho. Ou seja, as plantas transgênicas que são produzidas hoje, principalmente em nosso país, servem de fato para amenizar os problemas citados acima? Ou servem simplesmente para atender os interesses dos grandes conglomerados econômicos que detém as patentes e o direito intelectual dos resultados das pesquisas? É possível disponibilizar os frutos da pesquisa em forma de doação para regiões e países acometidos pela fome ou doenças crônicas provenientes de déficit nutricional? No uso destas tecnologias existem riscos reais para a saúde humana a curto e longo prazo? A biodiversidade do planeta pode ser ameaçada pela contaminação e pelo fluxo gênico?


2 OS RECURSOS DA BIOTECNOLOGIA NESTE INÍCIO DE SÉCULO

O surgimento da biotecnologia relaciona-se a um longo período de pesquisas e estudos principalmente na área da genética. Neste contexto podemos dizer que suas raízes remontam aos descobrimentos de Mendel em 1863, que realizou experiências com cruzamento entre pés de ervilha e concluiu acertadamente que as características da planta mãe eram passadas para as culturas filhas. Estas características em forma de unidades biológicas distintas seriam conhecidas mais tarde como genes.

Deste período até o surgimento da biotecnologia se passaram mais de cem anos de muita pesquisa em todos os campos da biologia. Segundo Ramde (2005), “o seu nascimento ocorreu em 1972 em que os bioquímicos americanos Herbert Boyer, Paul Berg e Stanley Cohen desenvolveram o DNA recombinante, uma molécula de DNA modificada criada pela combinação do DNA de dois organismos não relacionados”.

Hoje podemos definir a biotecnologia enquanto um conjunto de técnicas biológicas desenvolvidas por meio de pesquisa básica e aplicadas à pesquisa e ao desenvolvimento de produtos. A biotecnologia diz respeito à utilização de DNA recombinante, fusão celular e novas técnicas de bioprocessamento.

A utilização dessas técnicas, representam uma verdadeira revolução no campo da biologia e as áreas de sua aplicação combinadas com os benefícios que poderão trazer para a humanidade são incontáveis. Por exemplo, com o DNA recombinate bactérias podem ser modificadas e transformadas em verdadeiras fábricas para produzir proteínas humanas essenciais, em forma de remédios, utilizadas por aqueles que apresentam déficit dessas substâncias. Hoje, essa técnica já é amplamente utilizada pela indústria farmacológica. Ou ainda, podem ser modificadas para degradar mais eficazmente poluentes altamente tóxicos para o meio ambiente, como por exemplo, derramamento de óleo nos oceanos.

As recentes pesquisas com células tronco apontam inúmeras possibilidade para o seu uso na medicina, uma vez que tem a capacidade de desenvolver-se em células específicas, podendo ser utilizadas para regeneração de tecidos e órgãos comprometidos. Assunto que suscita muita polêmica no campo da moral e da ética, relativo ao conceito do que entendemos por vida e quando ela começa.

Todavia, entendemos que posicionamentos contrários a essa técnica não podem escamotear a continuidade das pesquisas em nome da religião, ideologia ou outros credos de cunho pseudomoral, pois sabemos que existem diversas maneiras de se colher células tronco para fins de pesquisa. E, sobretudo é preciso dizer que não existe debate moral para quem está em uma cadeira de rodas ou para quem é acometido por algum tipo de câncer maligno. O que precisamos é de regulamentação urgente sobre as práticas e os métodos, não só em escala nacional, mas se faria útil uma nivelação internacional onde a ONU poderia ser o foro, para (de uma forma racional, equânime e neutra), estabelecer as regras sobre a condução das pesquisas neste campo.


3 A POLÊMICA SOBRE AS PLANTAS TRANSGÊNICAS

Há muito vem se observando debates acalorados entre os que defendem a sua utilização e os que são contra. Preocupante é quando o tema sai da esfera da discussão e parte para atos violentos, que visam a destruição física dos experimentos em realização, como foi o caso dos experimentos da Monsanto com variedades de soja transgênica no município de Não-Me-Toque/RS.

Certo é que sempre devemos desconfiar da infalibilidade das novas tecnologias, que em certos casos as conseqüências negativas podem levar muitos anos para se fazerem presentes. Exemplo disso é a questão da energia nuclear para fins pacíficos, que foi concebida dentro de padrões de absoluta segurança, porém o acidente de Chernobyl aconteceu e certamente não estava previsto enquanto fator de risco. No entanto, com toda a catástrofe que causou em termos de perdas de vidas humanas, somado a isto o grande impacto ambiental, que indubitavelmente levará milhares de anos para que a natureza possa restabelecer-se, mas em momento algum se falou em abandonar esta tecnologia.

Segundo o exposto, a discussão racional e a polêmica são salutares como formas de balizar e exercer algum tipo de controle para que catástrofes não ocorram futuramente. Todos os riscos devem ser levados em consideração e muitas vezes a tomada de procedimentos de segurança custam caro. Se a sociedade não participar ativamente da tomada de decisões e impuser regras elas certamente não vão ocorrer, principalmente por dois motivos: 1) por desconhecimento dos riscos e/ou, 2) por contenção de gastos.

A polêmica levantada pelos que são contra esse tipo de tecnologia por motivos ideológicos, diz respeito a detenção das patentes e o direito intelectual do resultado das pesquisas, que segundo eles, beneficiariam somente as grandes multinacionais em detrimento dos agricultores. Podemos afirmar com toda segurança que no momento essa afirmação é uma meia verdade, uma vez que os produtores de soja transgênica, principalmente no Rio Grande do Sul, estão se beneficiando com o aumento da produtividade e redução nos custos de produção, provenientes do baixo uso de agrotóxicos, onde também ganha o meio ambiente. Sem contar a contribuição desses produtores para alavancar as economias locais que se encontram alicerçadas na produção primária.

Ainda em relação aos direitos intelectuais, a história nos mostrou que é impossível guardar segredos a sete chaves, algum dia eles virão à tona e todos poderão ser beneficiados. Pois com os avanços da biotecnologia o caminho foi mostrado, exemplo disso é a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), que no momento está desenvolvendo inúmeras pesquisas nesta área.

Porém, não podemos reduzir os benefícios das plantas transgênicas simplesmente à esfera econômica, outros benefícios talvez até mais importantes que dizem respeito a dignidade humana, seja no combate à fome, doenças crônicas provenientes de déficit nutricional, ou na alimentação funcional que pode reduzir custos com vacinas no combate a epidemias, onde os povos dos países em desenvolvimento poderão ser os grandes beneficiados.

Outra questão que chama a atenção foi o desenvolvimento do arroz dourado. Sabemos que o arroz é a principal fonte alimentar de muitos povos asiáticos. Mas, a sua deficiência em Betacaroteno precursor da vitamina A, aminoácidos importantes e as substâncias contidas que impedem a absorção de ferro pelo organismo, levam milhares de pessoas a morte e causam doenças crônicas em outras tantas como a cegueira em crianças.

Visando essas deficiências nutricionais, o biólogo suíço Ingo Petrikus e seu colega alemão Peter Beyer desenvolveram o arroz dourado. Com os métodos da engenharia genética foram introduzidos genes de outros organismos numa variedade de arroz comum que possibilitou a formação do betacaroteno, aminoácidos e a desativação de substâncias que impedem a absorção de ferro no organismo.

Estes dois cientistas doaram o resultado desta pesquisa para as autoridades das Filipinas e conseguiram comover os outros seis conglomerados agrários participantes desta pesquisa, entre eles a Bayer e a Monsanto, a desistir da proteção de patentes e taxas de licença, para que este alimento tão importante para esses povos pudesse ser oferecido a preços módicos de mercado. Com isso cai por terra o argumento dos ideologisados de que os transgênicos são muito caros para a agricultura de subsistência.

Em relação aos possíveis danos para a saúde humana no consumo desses alimentos nada foi comprovado cientificamente até o momento. Em relação a isso devemos levar em consideração que a pesquisa não acontece da noite para o dia. Para um produto ser lançado no mercado são necessários anos e anos de pesquisa onde muitos fatores de risco são levados em consideração, afinal o que está em jogo é também o capital moral desses empreendimentos.

Outra questão diz respeito ao meio ambiente, dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), apontam para um aumento na cifra de 60% na demanda de alimentos até o ano de 2030. A disponibilidade de áreas cultiváveis é o fator limitante para a expansão da produção agropecuária. Estima-se que para alcançar estes índices seriam necessários 80% a mais de terras cultiváveis, já que estes espaços teriam que ser disponibilizados por países em desenvolvimento, que com os métodos tradicionais de cultivo, 50% das safras são perdidas em decorrência de pragas, doenças e intempéries. Neste contexto as plantas transgênicas podem desempenhar papel fundamental, uma vez que podem reunir características únicas para cada país ou região deste planeta, possibilitando safras mais rendosas em menores espaços de cultivo, sem sobrecarregar o meio ambiente.

Quanto aos riscos à biodiversidade do planeta que pode ser ocasionada pela contaminação de organismos benéficos ou pelo fluxo gênico, devemos ponderar que as cultura de risco, como por exemplo o milho Bt, devem ser submetidos a um controle rigoroso de isolamento ou através de métodos de esterilização do pólen masculino.

Infelizmente a realidade de hoje nos mostra o outro lado da moeda, os verdadeiros riscos à biodiversidade são causados pelo desmatamento e desmantelamento de biomas inteiros com o objetivo de expandir as fronteiras agrícolas para o cultivo com métodos tradicionais.


4 CONCLUSÃO

Concluímos com este trabalho que os benefícios da biotecnologia em todas as áreas de produção são inúmeras. Sua aplicabilidade no campo da medicina em forma de novos produtos farmacológicos já vem sendo usados a muito tempo e as mais recentes descobertas da pesquisa com células tronco, abrem um enorme leque de possibilidades e esperanças para quem já não tem mais esperanças.

No campo dos vegetais transgênicos uma infinidade de pesquisas estão sendo realizados em todas as partes deste planeta que poderão resolver problemas sérios como a fome, desnutrição crônica e principalmente atenuar a pressão sobre o meio ambiente.

Vimos que os benefícios obtidos na aplicação desta nova tecnologia são infimamente maiores que os malefícios e ficamos convencidos que esta tecnologia veio para ficar. Neste contexto, concluímos que o debate e as polêmicas levantadas pela sociedade são importantes para nortear os rumos e estabelecer critérios bem definidos quanto ao uso desta tecnologia, que devem ser regulamentadas na esfera federal.

Já se tratando de pesquisa com células tronco, organismos internacionais como as Nações Unidas deveriam ser o foro dos debates e, a regulamentação sobre metodologia e procedimentos deveriam ser niveladas em esfera internacional, dando chances iguais para os diferentes institutos de pesquisa nos países membros, para atuarem dentro das normas, critérios e métodos estabelecidos para todos.

Por fim, muitos assuntos relacionados à biotecnologia continuarão gerando polêmica, mas também é nossa função, enquanto futuros biólogos, o trabalho de ir esclarecendo pontualmente a sociedade dos benefícios desta grande revolução tecnológica. Para isso é necessário o nosso máximo empenho no aprofundamento dos fundamentos teóricos que regem essa tecnologia, bem como a busca constante de mais conhecimentos sobre inovações e os mais recentes avanços nesta área, seja através de bibliografia apropriada ou através da Internet, com o objetivo de estarmos à altura para intervenções claras e precisas sobre este tema.


5 REFERÊNCIAS

RAMDE, D. Nascimento da biotecnologia: utilizando o poder do DNA. Disponível em: . Acesso em: 30 de ago. 2007.

A EDUCAÇÃO RELIGIOSA E IDADE MÉDIA E A INFLUÊNCIA DA IGREJA NO PENSAMENTO OCIDENTAL

A EDUCAÇÃO RELIGIOSA E IDADE MÉDIA E A INFLUÊNCIA DA IGREJA NO PENSAMENTO OCIDENTAL



Odilon Manske
24/08/2006



RESUMO



Educação religiosa e Idade Média e a influência da Igreja no pensamento ocidental está relacionado a um determinado período histórico, no qual a educação religiosa e suas implicações na produção de conhecimentos científicos está diretamente associada à Idade Média. Na qual, os agentes que refletiam sobre educação não o faziam para transmitir conhecimentos, movidos pela fé tinham como meta o combate à heresia e a conversão dos infiéis para o cristianismo com o objetivo de um fim maior: a salvação da alma e a vida eterna. Este estudo pretende mostrar, que os avanços e recuos na educação estavam diretamente ligados aos acontecimentos históricos da época.

Palavras-chave: Educação; Idade Média; Universidade.


1 INTRODUÇÃO

Com este trabalho pretende-se dimensionar a questão da educação na Idade Média à luz do contexto histórico em que ela ocorreu, levando em consideração todos os agentes e os diferentes grupos sociais, suas relações e seus interesses.

Ao refletir-se sobre educação neste período, sempre nos vem em mente a educação religiosa, é neste sentido que analisaremos o interrompimento dos mecanismos de transmissão de conhecimentos e o seu retorno.

Analisaremos ainda o papel da Igreja através do clero e o da burguesia, o modo como eles influenciaram a educação naquele momento, e o advento das universidades medievais como necessidade da burguesia em ascensão, que buscava o incremento e a expansão das relações de comércio com outros povos. Recorremos, para tanto, a diversas fontes historiográficas que discorrem sobre a questão.


2 TRANSIÇÃO ESCRAVAGISMO-FEUDALISMO

A Idade Média caracterizou-se com a queda do Império romano no Ocidente em 476, pelas invasões bárbaras e formação dos primeiros reinos germânicos.

A antiga ordem romana desagregou-se gerando grande insegurança nos povos frente aos novos tempos, fazendo com que muitos abandonassem as cidades em direção do interior, num processo onde todos procuravam proteção ao lado do castelo do senhor.

As cidades perderam importância. Desapareceram as escolas e o Direito Romano caiu por terra. O comércio era praticado quase que predominantemente à base de troca, levando a circulação de moedas ao desuso. A sociedade foi se tornando fundamentalmente agrária, processo que fez desaparecer o sistema escravagista que deu lugar ao trabalho dos servos, aparentemente livres, porém subordinados e dependentes dos seus senhores. Temos aí o processo que levou ao feudalismo. Segundo Aranha (2006, p. 103-104):

A sociedade feudal, essencialmente aristocrática, estabeleceu-se sob os laços da sucerania e vassalagem que entremeavam as relações entre os senhores de terra. [...] No mundo feudal, a condição social era determinada pela relação com a terra, e por isso os que eram proprietários (nobreza e clero) tinham poder e liberdade. No outro extremo, encontravam-se os servos da gleba, os despossuídos, impossibilitados de abandonar as terras do seu senhor, a quem eram obrigados a prestar serviços.

Porém cabe ressaltar, que o surgimento do feudalismo não se deu como sistema e práticas homogêneas, já que não se desenvolveu igual em todos os lugares.


3 EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA

No início da Idade Média, algumas escolas romanas leigas e pagãs continuavam funcionando, contudo não existem registros da sua existência depois do século V. É possível talvez que em algumas cidades elas persistiram por mais algum tempo, levando-se em consideração de que os bárbaros preservaram algumas formas de administração dos romanos, o que exigia pessoas instruídas, que soubessem ler e escrever.

Com o passar do tempo surgiram as escolas cristãs, que resultaram na substituição dos antigos funcionários do aparato de Estado por religiosos. Período em que também vimos o surgimento dos mosteiros, que além de serem dirigidos pelo clero também serviram de porto seguro para abrigar os ascetas, ou seja, aqueles que partiam do princípio de que o corpo é o centro de todos os pecados, valorizando somente o lado espiritual, na busca incessante da realização da virtude, moralidade e retidão.

Nos mosteiros eles aprendiam o latim e as humanidades, pois era preciso instruir os novos irmãos e assim os mosteiros foram se transformando no centro da cultura medieval, monopolizando todo o saber. Verdadeiras relíquias do período clássico grego foram traduzidas para o latim e outras adaptadas e reinterpretadas à luz do cristianismo.

A partir do século VIII, intensificou-se o processo de feudalização. Os fatores que levaram a isto foi a perda de acesso ao mar mediterrâneo e como conseqüência houve uma retração econômica substancial, uma vez que o comércio ficou relegado à área continental da Europa Ocidental. Como reflexo, a educação foi remetida a um longo período de ostracismo, uma vez que as pessoas perderam o interesse por ler e escrever, permanecendo somente a educação religiosa .

Esta realidade iria mudar somente com o renascimento carolíngio. Sob influência do Imperador Carlos Magno, cujo interesse era o de reformar a vida eclesiástica e a partir dela o sistema de ensino, trazendo para o seu reino expoentes da intelectualidade de então, que contribuíram para o advento de um novo movimento, cujo objetivo era difundir o ensino.

O conteúdo do ensino difundido, era o estudo das sete artes liberais divididas entre o trivium (gramática, retórica e dialética), que compreendia o ensino médio e o quadrivium (geometria, aritmética, astronomia e música), relativo ao ensino superior.

Com a liberação do acesso ao mar mediterrâneo no século XI, cujo crédito se deve às Cruzadas, reiniciou-se o desenvolvimento do comércio, levando ao renascimento das cidades e o surgimento da burguesia.

Essas mudanças repercutiram também na educação. Até então ela era privilégio dos clérigos. A formação dos leigos era restrita à instrução religiosa.

Por volta do século XII assistimos ao advento das escolas nas cidades, nas quais os professores eram nomeados pelas autoridades municipais. O latim foi substituído pela língua nacional e no conteúdo foram introduzidas noções de história, geografia e ciências naturais. Essas escolas, também conhecidas como escolas seculares, surgiram como necessidade da classe burguesa em ascensão, que devido à expansão do comércio marítimo necessitavam formar pessoas com conhecimentos em geografia, matemática, história, navegação e sobretudo o estudo dos idiomas nativos com os quais mantinham relações de comércio.

Ainda no século XI, sob influência da burguesia, surgem as primeiras universidades e mais de oitenta são fundadas na Europa ocidental durante o período da Idade Média.

Entre o século XI e XII as universidades transformam-se em solo fértil para toda uma fermentação intelectual. Por ser uma instituição humana, logo não era algo isolado do modo como o homem estava vivendo, assim produziu-se em seu interior homens com formas de pensar diferentes uns dos outros. A complexidade econômica e social não podia mais ser explicada sob o ponto de vista da fé, visto que os acontecimentos da época colocaram em dúvida a própria forma de explicar a realidade.

É neste contexto que a Igreja, hegemônica culturalmente e espiritualmente até então, se vê afrontada e atemorizada, lançando mão do Santo Ofício, para a partir do século XII apurar os desvios da fé. De acordo com Aranha (2006, p. 111) “ordens religiosas, sobretudo a dos dominicanos, assumiram o trabalho de manter a ortodoxia religiosa, [...] determinando a punição dos dissidentes, a queima de livros e... [sic] dos seus autores”.


4 AS SEMENTES DO RACIONALISMO

Nos últimos séculos da Idade Média houve um grande desenvolvimento social e cultural. Com a expansão das universidades a partir do século XI, a Europa ocidental experimentou uma verdadeira revolução na educação. Apesar da universidade medieval continuar sob domínio ideológico rígido do clero, havia por outro lado a representação de várias correntes e debates entre elas. O ápice de tal pluralidade ideológica e cultural foi o período áureo da Espanha muçulmana onde cristãos, judeus e islâmicos tiveram pela primeira vez e única na história um intercâmbio pacífico de idéias, desencadeando o progresso científico e cultural da Europa.

As universidades carregavam em seu bojo o germe de uma incontrolável expansão do saber. Foi através da incorporação do pensamento aristotélico no acervo cultural dominante, após um longo período de ostracismo, que a semente do racionalismo ficou definitivamente implantada na instituição medieval de ensino. O desenvolvimento deste espírito crítico, encontrou sua forma moderna com o advento do Renascimento.

Esse grande impulso da cultura européia, gerado pelos embates dentro das universidades, que sob o ponto de vista do espírito contemporâneo eram muito sutis quanto às formas e conceitos, mas que indubitavelmente desaguaram com toda sua força no Renascimento. E esta talvez seja a maior contribuição cultural da Idade Média para todo o pensamento ocidental.


5 CONCLUSÃO

Com a abordagem desse estudo, concluímos que na primeira fase da Idade Média ainda havia algumas escolas leigas e pagãs. Com o advento do feudalismo elas foram cedendo lugar às escolas cristãs, não como acontecimentos isolados, mas como reflexo das relações humanas, dos paradigmas da fé e, sobretudo dos interesses de grupos e classes sociais e de suas correlações de força no seio da sociedade medieval.

Vimos que o surgimento dos mosteiros contribuíram ainda mais para a difusão da fé e a formação do clero, uma vez que detinham todo o monopólio do saber da época, assumindo funções cada vez mais importantes no aparato do Estado, servindo unicamente aos interesses da Igreja, que disputava o poder palmo a palmo com a nobreza.

Mas, foi com o advento das universidades que a Europa Ocidental iria experimentar uma verdadeira reviravolta no ensino. Para uma compreensão mais aprofundada sobre esse processo, recomenda-se um estudo mais minucioso relativo à educação no Império Bizantino. As influências que o mesmo exerceu na universidade medieval ocidental e respectivas conseqüências no contexto histórico.


6 REFERÊNCIAS

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2006.


7 OBRAS CONSULTADAS

BURKE, P. As fortunas d'O Cortesão. São Paulo: Unesp, 1997.

LE GOFF, J. Mester e profissão segundo os manuais de confessores da Idade Média. Lisboa: Estampa, 1980.

MONTAIGNE, Michel de. Os pensadores XI. São Paulo: Abril Cultural: 1972.