terça-feira, 18 de maio de 2010

OS SENTIDOS DE AUDIÇÃO, OLFATO, TATO, PALADAR (GUSTAÇÃO) E VISÃO, OS ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS E SEU FUNCIONAMENTO

Odilon Manske
Artigo Acadêmico
04/10/2007


RESUMO

Os cinco sentidos, os órgãos responsáveis e seu funcionamento nos remetem primeiramente à estruturação pré-conceitual baseado originalmente nos aspectos organológicos dos sentidos tomados individualmente, com isso corremos o risco de formalizar a conceituação unicamente dentro de uma perspectiva isolacionista dos sentidos. Devemos entendê-los não somente como receptores externos, mas como unidade harmônica com o cérebro, cuja funcionalidade diz respeito ao processo histórico concreto pelo qual passaram os diferentes povos, na perspectiva de reconstruir soluções de problemas comunicativos e interativos entre as diferentes culturas.

Palavras-chave: Sentidos; Cérebro; Sensações.


1 INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é descrever as funções dos cinco sentidos e os respectivos órgãos envolvidos neste processo. Contudo, sem incorrer numa perspectiva isolacionista, no âmbito de tentar caracterizar ou pré-conceituar os sentidos fora do contexto da totalidade, condição indispensável para entender que além do contato entre nós e o ambiente, eles formam num contexto mais amplo, uma unidade para compreender e assimilar o mundo na sua totalidade.

Mas, primeiro é o cérebro humano que interpreta os estímulos externos recebidos por órgãos especiais do nosso corpo e os transforma em sensações de fundamento. Formando por assim dizer um quadro realista, agradável ou não, das coisas em nossa volta. Sendo assim de vital importância para a nossa sobrevivência e interação com o ambiente.

Porém, cabe dizer que os cinco sentidos estão relacionados com todo um processo histórico de desenvolvimento humano, de totalidades de desenvolvimento de determinados povos e civilizações. Isso equivale dizer que é o cérebro humano, enquanto resultado do processo histórico de transformações econômicas, sociais e culturais que ocorrem nas sociedades humanas, que interpreta e processa de diferentes formas estes estímulos externos.

Assim por exemplo, povos de diferentes culturas se flagelam voluntariamente em rituais religiosos. Para nós é ato inconcebível, para eles isso faz parte de suas vidas e com certeza eles desenvolveram uma relação diferente com a dor. Algumas culturas asiáticas consomem alimentos com odores extremamente desagradáveis para o nosso paladar. Ou ainda, culturas silvícolas desenvolveram uma audição e visão extremamente aguçada, necessária para sua sobrevivência, seja para a caça e pesca ou para se proteger contra predadores.


2 OS OLHOS E A VISÃO

Com os cinco sentidos nós nos orientamos no mundo, nesse processo a visão é o sentido de maior importância para a nossa interação com o mundo exterior. Por assim dizer, os olhos são a nossa janela de luz para o mundo.

FIGURA 1: O OLHO HUMANO

FONTE: Disponível em: http://www.medonline.com.br/med_ed/med6/download1.htm. Acesso em 03 de out. de 2007.


De acordo com Valle (2004, p. 89), “os nossos olhos recebem a luz proveniente dos corpos. As informações são transmitidas para o nervo óptico, que as conduz para o cérebro, onde serão processadas”. Portando, o processamento de informações visuais ocorre neste órgão onde impulsos recebidos serão significados, formando desta forma um quadro compreensivo para nós. Por isso a visão é muito mais que uma cópia do mundo circundante. Nossa capacidade de compreensão do que vemos está fortemente ligada com informações pré-armazenadas e filtradas, assim um astrônomo ao olhar para o céu consegue distinguir quadros interessantes de estrelas, constelações e sua localização, enquanto que um leigo olhando para o mesmo céu não consegue distinguir mais do que um amontoado de luzes dispostas aleatoriamente sem significação aparente. Isso significa que nós não vemos a realidade como efetivamente ela é, mas as imagens que o nosso cérebro dela faz.


3 AS ORELHAS E A AUDIÇÃO

Através da audição temos a capacidade de percepção do som. O órgão responsável é a orelha cuja função consiste em captar e canalizar os sons para a orelha média, que segundo Valle (2004, p. 92), “é uma caixa que possui três ossículos: martelo, bigorna e estribo. Ela se comunica com a orelha externa pela membrana do tímpano e com a orelha interna pelas janelas redonda e oval; e com a faringe, pela tuba auditiva”.


FIGURA 2 – A ORELHA E SUAS CARACTERÍSTICAS

FONTE: Disponível em: http://www.afh.bio.br/sentidos/Sentidos3.asp. Acesso em: 02 out. de 2007.

No esquema acima podemos ter uma noção clara do caminho do som. E ainda segundo Valle (2004, P. 93):

“A membrana da janela redonda recebe a vibração do ar da orelha média e a transmite ao líquido da orelha interna. O líquido existente na orelha interna transmite à cóclea as vibrações que recebe. A cóclea, por intermédio do nervo vestibulococlear, encaminha ao cérebro o estímulo, que é traduzido e transformado na sensação de ouvir”.
Importante ressaltar que a função do órgão da audição interligado à fonação, cumpre papel fundamental não somente para o ser humano do ponto de vista fisiológico, mas também serve de ponte para o intercâmbio entre os povos. Aproximando desta forma os seres humanos através das diferentes culturas e transformando-os cada vez mais em cidadãos do mundo, pois é através destas funções, em unidade com as outras, que o ser humano vai assimilando as diferentes culturas, não no sentido da submissão mas como expansão de seus horizontes.


4 O NARIZ E O OLFATO

Na ausência de aromas nossa comida fica sem sabor, pois a maioria das impressões positivas que acreditamos degustar são fornecidas pelo nariz. Os aromas influenciam nosso estado de espírito, eles podem influenciar nossa disposição como indisposição, simpatia ou antipatia, podem inclusive nos predispor na esfera sexual.

Um cheiro, por exemplo, de um vinho, não penetra somente no nariz, mas também numa parte específica do cérebro onde se encontram nossas recordações emocionais. Sabemos que a diminuição do sentido olfativo, causada por infecções no nariz, viroses ou lesões na cabeça, pode levar a depressão e a problemas de comunicação sexual e com isso os contatos interpessoais são perdidos.
Contudo sabemos que o sentido do olfato nos seres humanos é menos desenvolvido que em outros animais. Por exemplo, cães podem farejar drogas ou explosivos escondidos em malas ou até mesmo em containers de embarcações. Ainda porcos selvagens conseguem farejar trufas sob o solo a longas distâncias ou ainda através do olfato conseguem descobrir lavouras de grãos recém semeadas e com o foucinho conseguem desenterrar os mesmos para poderem se alimentar, causando grandes prejuízos na agricultura.

FIGURA 3 – O NARIZ


Mas como nós humanos sentimos os cheiros? De acordo com Valle (2004, p. 96):

“Nós só podemos sentir o cheiro das coisas que liberam partículas gasosas. Essas partículas chegam às nossas cavidades nasais misturadas ao ar. Atingindo a mucosa nasal, essas partículas estimulam as células olfatórias, que se localizam na sua porção superior. As células olfatórias reúnem-se, formando fibras nervosas, as quais se encaminham em direção ao bulbo olfatório. Do bulbo olfatório parte o nervo olfatório, que leva os estímulos ao encéfalo, que tem por função traduzi-los em sensações de cheiro”.
Mais uma vez fica claro que o cérebro desempenha a função principal enquanto setor transformador dos estímulos em sensações.


5 A LINGUA E A GUSTAÇÃO

Muitas vezes quando estamos constipados, a comida, por mais bem elaborada que for, não apresenta sabor algum, o gosto se transforma em sentimento, isto é: eu vejo um prato saboroso de comida e imediatamente me lembro do gosto agradável que tem, porém sem senti-lo. Talvez seja a forma que o cérebro encontrou para ludibriar nossos sentidos e garantir nossa sobrevivência através da alimentação sob condições adversas.

Portanto na gustação somos influenciados por outros sentidos, em que o olfato desempenha papel importante. Porém em condições normais, através da gustação conseguimos distinguir diferentes sabores, uma vez que as papilas gustativas presentes no órgão receptor que é a língua, permitem diferenciar quatro sabores puros: amargo, doce, ácido e salgado. E o universo de sabores assimilados são o resultado das ilimitadas combinações desses quatro sabores.


6 A PELE E O TATO

A pele sem dúvida é o maior órgão dos sentidos: distribuídos sob mais de 2m² de pele se localizam inúmeras células dos sentidos, denominados de corpúsculos táteis. Sua função consiste em receber estímulos de pressão, calor e frio e além destes existem as terminações nervosas que captam estímulos relacionados à dor, que tem uma função protetora alertando-nos contra ameaças de lesão corporal.

O centro do sentido do tato são as mãos: armados com uma rede estreita de sensores, elas mesmas tateiam pequeninas diferenças de uma superfície. Pelo fato de podermos movimentar delicadamente os nossos dedos, parece absolutamente fácil retirar um ovo cru da geladeira, quebrar delicadamente a sua casca numa superfície rígida e colocar o seu conteúdo intacto num prato. Em contrapartida isso representa uma tarefa extremamente complicada para um robô. Não porque o sentido do tato de um robô não seja suficientemente delicado, mas pelo fato de que por traz de cada movimento de nossos dedos existe uma coordenação complexa de nosso cérebro.

Em relação aos estímulos externos é importante frisar que o homem é um ser muito versátil e adaptável ao meio. Exemplo disso são as oscilações bruscas de temperatura, nos primeiros dias de inverno intenso sentimos muito frio, com o passar dos dias é como se nós nos acostumássemos com o frio. Da mesma forma ocorre com o calor, porém para tudo existe um limite.

Ainda em outras culturas o homem aprendeu a lidar de forma diferente com a dor, onde ele a utiliza como expressão máxima da fé e religiosidade. Parece-nos plausível que em algumas situações de transe e auto-sugestão, o ser humano consiga controlar através da mente, as sensações desagradáveis do meio ou da dor infringida através do auto flagelo.


7 CONCLUSÃO

Somente a anatomia dos órgãos dos sentidos podem ser estudados e tratados isoladamente, com o objetivo de entendermos sua funcionalidade, qual o papel específico que desempenha e sua interligação com o cérebro.

Já os sentidos devem ser entendidos como um conjunto que forma uma unidade harmônica com o cérebro e o corpo. Pois é o cérebro que transforma os impulsos externos em sensações, processo que nos quais diferentes fatores desempenham papel importante, tanto do ponto de vista da subjetividade individual, como também e fundamentalmente os processos históricos concretos, dos quais o povo de cada cultura é o produto singular. Quer dizer: a forma que cada povo interioriza e processa os cinco sentidos está correlacionado diretamente a um processo histórico desta cultura específica.

Por fim, concluímos que se faz necessário uma reformulação no estudo dos sentidos onde não somente o ponto de vista biológico deve prevalecer, mas, sobretudo devemos levar em consideração aspectos das ciências humanas, principalmente da Filosofia e Psicologia, com o objetivo de reconstruir soluções de problemas comunicativos e interativos entre as diferentes culturas para nos tornarmos verdadeiros cidadãos do mundo.


8 REFERÊNCIAS

VALLE, C. Ser Humano e Saúde. Curitiba: Positivo, 2004.

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