terça-feira, 18 de maio de 2010

AS GRANDES DESCOBERTAS E OS AVANÇOS CIENTÍFICOS A PARTIR DO SÉC. XVII

Odilon Manske

Artigo Acadêmico
23/11/2006


RESUMO

As grandes descobertas e os avanços científicos a partir do séc. XVII, diz respeito ao lançamento das pedras fundamentais no campo da Biologia, que somente foi possível pela separação entre razão e fé e pelo avanço científico em outras áreas das ciências naturais. Devemos portanto entender as descobertas na Biologia não como algo isolado, mas em relação mútua com tudo que o homem produziu cientificamente nas demais ciências.

Palavras-chave: Biologia; Descobertas; Evolução.


1 INTRODUÇÃO

Com este trabalho pretende-se discorrer sobre as descobertas e os avanços no campo da Biologia à luz da historicidade e situá-las no tempo e espaço. Entendendo-as não como acontecimentos isolados, mas como resultado de uma mudança profunda da mentalidade humana a partir do séc. XVII. Que se caracterizou pela separação entre razão e fé, pela substituição da autoridade da Igreja pela ciência e por afirmação do poder criativo do homem.

Comumente, refletindo-se sobre alguma descoberta importante no campo da biologia, como por exemplo, a descoberta do microscópio, sempre nos vem em mente como algo dado, que já existe, faltando simplesmente a sutileza e a perspicácia do homem para trazê-las à tona, quando na realidade são resultado de toda uma história de erros e acertos, de desenvolvimento e criação. É neste sentido que tentaremos situar as descobertas, compreendendo-as em conjunto com o avanço do conhecimento contemporâneo da época, no campo das ciências exatas, como também nas ciências naturais que eram embrionárias naquele período. Sem dúvida, foi o avanço do conhecimento em áreas dominadas ainda pela filosofia e religião, que lançou as centelhas para o surgimento, ainda que lento, de vida própria das ciências naturais tais quais as conhecemos hoje.

Nesta linha de raciocínio, tentaremos mostrar que as descobertas são um eterno porvir, que se constroem a partir de anteriores e esse processo desencadeia o que chamamos de avanço científico.


2 O SALTO QUANTITATIVO E QUALITATIVO NO CAMPO DA BIOLOGIA ENTRE O SÉC. XVII E XIX

Podemos afirmar com toda segurança que foi a partir do surgimento do primeiro microscópio, desenvolvido por Antony van Leeuwenhoek por volta de 1650, que a Biologia iria começar a desvendar o pequeno grande mundo até então desconhecido aos olhos da humanidade. Através desta ferramenta foi possível ainda no séc. XVII a observação de eritrócitos, espermatozóides e bactérias.

Outro fator relevante foram as grandes viagens transoceânicas a partir do séc. XV, que colocaram os europeus frente a frente com outros povos e suas respectivas culturas, e uma fauna e flora distinta da conhecida no velho mundo. Muitos animais e plantas foram trazidos do dito novo mundo. Estes fatores, combinados com o próprio avanço dos conhecimentos em áreas específicas das ciências naturais, ainda pertencentes ao campo da religião e filosofia, convergiram para impulsionar a necessidade de classificar, nomear e sistematizar os seres vivos. Esse processo, encontrou seu apogeu com a publicação do sistema taxonômico de Lineu no ano de 1735. Sistema baseado nas semelhanças morfológicas entre os seres vivos e a utilização de uma nomenclatura binominal em latim.

Os avanços do discernimento na área da Química, deram um grande impulso principalmente no que diz respeito ao entendimento do papel das moléculas orgânicas, que propiciou a sintetização artificial da primeira enzima ainda em 1833, lançando a partir daí as centelhas de uma nova ciência: a Bioquímica.

Com o esboço da teoria celular de Schleiden e Schwann em 1839, que propunham acertadamente que a célula é a unidade básica de constituição dos organismos e que todas as células são provenientes de células pré-existentes, abriram-se portas para a necessidade do estudo de toda a complexidade que esse processo implica.

Assim, com diversos conhecimentos produzidos e adquiridos em diversos campos ainda incipientes da Biologia, a genética dava os seus primeiros passos com o estabelecimento das leis da hereditariedade do monge Gregor Mendel, resultado das experiências realizadas com ervilheiras em 1865. Como também a bacteriologia dá seus primeiros passos através de Robert Koch, que em 1880 introduziu métodos para fazer crescer culturas puras de microorganismos, utilizando placas de Petri.


3 AS SEMENTES DA BIOLOGIA EVOLUTIVA

Foi Charles Darwin com o lançamento de seu livro a origem das espécies em 1859 e a contribuição anterior de Lamarck, a qual postulava que o ambiente provoca no indivíduo modificações adaptativas, que podemos começar a compreender a Biologia sob o prisma da Biologia Evolutiva. Ainda segundo Mayr (1998), Evolução Biológica consiste nas mudanças de adaptação e na diversidade. E Darwin, em conseqüência dos seus estudos sobre a fauna das Ilhas Galápagos e da América do Sul, voltou sua atenção para a origem da diversidade, isto é, para a origem de novas espécies.

O grande legado de Darwin foi o postulado da descendência comum, que concebia que todos os organismos derivam, inclusive o homem, de uns poucos ancestrais primitivos, ou possivelmente de uma única primeira vida. Isso implicava numa produção abundante de variação genética, cuja origem Darwin não sabia explicar, uma vez que na época não se dominava o conhecimento sobre a natureza biológica da hereditariedade. Somente no início deste século foi determinado o papel dos cromossomos na hereditariedade.


4 CONCLUSÃO

Com a abordagem desse estudo, concluímos que o homem teve de se libertar dos dogmas da Igreja, para afirmar a hegemonia da razão no campo da ciência. Porém, vale frisar que algumas das descobertas importantes que aconteceram no período em questão, foram promovidas por homens ligados à Igreja, como por exemplo Lineu, que era luterano, ou mesmo Gregor Mendel que era monge, talvez desconhecessem na época os desdobramentos que suas descobertas teriam tanto no campo da ciência, da filosofia e da religião.

Vimos ainda que as grandes descobertas são resultados de um longo processo de erros e acertos, de avanços e recuos, de desenvolvimento e criação. E através delas, outras portas se abrem para novos conhecimentos, em que descobertas originais emanam a partir das anteriores.

Vale ressaltar a importância dos avanços científicos operados fundamentalmente na área de outras ciências naturais, bem como as viagens transoceânicas, que resultaram em contatos com uma realidade desconhecida do antigo mundo, que contribuíram enormemente para que os alicerces fundamentais fossem assentados no campo da Biologia.

Por fim, vimos que a teoria de Darwin sobre a origem das espécies, nos remete ao campo da Biologia Evolutiva. Muita coisa ainda terá de ser dita a esse respeito, onde se recomenda um estudo mais minucioso no campo da Zoologia, Botânica e Genética, numa relação mútua com os próprios processos evolutivos, mas sempre sob o prisma da ciência que não deve admitir discussões ideologizadas.


5 REFERÊNCIAS

MAYR E. O Desenvolvimento do Pensamento Biológico. Brasília: UNB, 1998.

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