terça-feira, 27 de abril de 2010

Ética e Ciência: Urgência do Debate

ÉTICA E CIÊNCIA: URGÊNCIA DO DEBATE




Odilon Manske

22/01/2009




RESUMO



Ética e ciência, o grande dilema neste início de Século. Por isso mesmo a importância do debate, uma vez que toda atividade científica tem desdobramentos tanto positivos como negativos para o meio ambiente e para a própria humanidade. Isto posto, é de fundamental importância a significação universal do conceito de ética na ciência para que se possa elaborar códigos de ética em escala global. Facilitando desta forma, que os responsáveis sejam chamados à responsabilidade.

Palavras-chave: Avanços científicos; Meio ambiente; Códigos de ética.


1 INTRODUÇÃO

Vivemos numa época de grandes transformações em que economia, ciência e tecnologia desempenham papel preponderante. Avanços científicos e novas tecnologias sempre têm efeitos e reflexos sobre o nosso cotidiano, em que as forças de trabalho intelectual estão na linha de frente destas transformações.

O fato da ciência e a pesquisa encontrarem-se subordinados à economia, que gera um clima de disputas e concorrências sem precedentes, levou indubitavelmente a uma situação de desconfiança. Isto posto, devemos colocar na ordem do dia a pergunta da legitimidade destas práticas econômicas e clarificar as responsabilidades sociais e éticas de seus atores.
Sobretudo quadros de alto nível técnico, dirigentes e engenheiros, esses, que desenvolvem novos produtos e tecnologias e as respectivas estratégias de mercado para abarcar novos mercados e que influenciam diretamente o meio ambiente, as condições de trabalho e os consumidores, é que situam-se no centro do dilema ético.

O que parece ser eficiente para o sistema econômico pode ser prejudicial ao meio ambiente, aos recursos naturais não renováveis, assim como pode destruir postos de trabalho ou ainda acarretar em danos financeiros ou de saúde para os consumidores.
A nosso ver é neste sentido que deve transcorrer o debate sobre ciência e ética. Pois também aqui se pode aplicar a lei da causalidade que diz que de cada ação resulta numa reação.

2 ÉTICA APLICADA SOB O PONTO DE VISTA FILOSÓFICO

Geralmente é fácil concordar com as normas básicas de conduta quando a formação do intelecto estiver sido impregnada por ensinamentos adquiridos através de crenças de cunho político-ideológicas ou religiosas como a Bíblia, o Alcorão, o budismo, o hinduísmo, o animismo ou outras. O inconveniente é que, em um conjunto definitivo de regras, sempre haverá exceções, como por exemplo, matar em legítima defesa, amplamente aceita apesar do mandamento “Não matarás”.

O sistema de convicções dos homens é composto por vários grupos de crença: religião, política, estética, crença dos pais, de seus pares e assim por diante. Cada grupo forma uma coleção de premissas que consideramos verdadeiros e que através delas formamos argumentos que consideramos sólidos.
Assim sendo, o homem forma grupos sociais distintos com crenças diferenciadas, isto significa que o que é correto para um muçulmano não o é para um budista, um católico, um ateu, um judeu e tantos outros.
No entanto, a ciência desde Galileu tomou por assim dizer um rumo diferenciado, galgando autonomia e vida própria em confronto com as idéias dominantes da época. Isto significa dizer que cientistas muçulmanos estão fazendo pesquisas, assim como judeus, cristãos, budistas, hinduístas e tantos outros em confronto com as crenças de seus grupos sociais.

Mas o que é eticamente correto? O que é o certo? Segundo Marinoff (2006, p. 200):

"A filosofia chinesa ensina que a marca da coisa certa é que, ao fazê-la, você permanece inocente. Se você satisfizer esse critério, estará na esfera moral. Outro princípio filosófico essencial deriva do pensamento hindu e jainista, em que é chamado de ahimsa. A tradução seria essencialmente: “nenhum mal aos seres sensíveis”. Esta é a base de todo código de ética profissional. Se as suas ações causam danos a outros, não são éticas".
Neste sentido torna-se necessário repensar todo o sistema de formação acadêmica, em que seja valorizada a formação interdisciplinar com atenção especial às disciplinas que enfocam a área social, econômica e o meio ambiente sob o ponto de vista filosófico e sociológico. Pois de outro modo não é possível saber o que é certo e errado, enfim, o que é ético.

Pois o cientista do século XXI deve saber com clareza que a sua ação terá desdobramentos na área social, econômica e no meio ambiente e deverá ser chamado à responsabilidade de seus atos.

Para que isto ocorra é urgente a elaboração a nível global de códigos de ética para nortear as atividades na esfera da ciência assim como no âmbito econômico. Isto significa que atividades que hoje são violentamente impactantes ao meio ambiente devem ser encerradas, como também o estabelecimento de regras claras na área dos transgênicos, células tronco, entre tantas outras, a fim de dar um rumo à ciência do futuro.

Por fim temos a convicção de que a ciência deve servir de ferramenta para dignificar o homem sob todos os aspectos e não para responder aos interesses da ganância.


3 CONCLUSÃO

Toda atividade científica traz consigo desdobramentos que podem ser positivos como no caso dos avanços na área da medicina, ou ainda estes que melhoram significativamente a qualidade de vida do homem. Assim como desdobramentos que podem ser altamente perniciosos ao meio ambiente e à humanidade.

A partir destas premissas, faz-se necessário o debate sobre os efeitos advindos dos avanços científicos e tecnológicos para o meio ambiente e para a humanidade no presente e no futuro. Afim de que possam ser estabelecidos critérios e códigos de ética que visem a preservação do meio ambiente bem como a diversidade das espécies incluindo o próprio homem.

No entanto é fundamental o discernimento do que é ético na ciência em escala global. Talvez este seja o maior desafio das ciências humanas na atualidade.


4 REFERÊNCIAS

MARINOFF, L. Mais Platão menos prozac. 10. ed. São Paulo: Record, 2006.